domingo, 3 de abril de 2011

"Adeus emprego, adeus sadismo, adeus panóptico, adeus Dorflex"



  Plagiando meu colega de faculdade Raphael Mello, digo-vos: - "FODA-SE”!!!

   A farmácia “Sarna” da Cidade Baixa e seu método semi-servil de submissão e exploração!!!

  “Enquanto o patrão em momentos de sadismo literalmente diverte-se tocando pandeiro pelos corredores de sua empresa sentando o traseiro em sua poltrona alternando momentos de euforia e atenção à sua LCD de 42” vigiando em seu circuito de câmeras suas lojas cada passo do pobre proletariado alienado, magro e pálido que ainda assim faz-se sorrir, talvez mais por medo do que por alegria”...
  Pobres mentes que sofrem caladas por receio de perder o salário que irá garantir uma xícara de café preto e um pão seco todas as manhãs e que os permitirá ter forças para mais um dia como que num ciclo infinito, produzirem e reproduzirem sua força de trabalho e entregar os frutos do mesmo à pequena burguesia sedenta por acumulação...

  Desaparece a figura do “capataz” dando lugar a câmera de vigilância de uma burguesia que, com medo de ser “roubada” por seus contratados justifica de maneira “sutil” que a presença da mesma é um elemento para a segurança e integridade de seus colaboradores e do ambiente contra possíveis “perigos externos”...

  Montando em seus estabelecimentos laborais uma estrutura agora virtual e de acesso remoto, algo similar ao famoso “Panóptico” de Benthan idealizado no final do séc XVIII e explicitado nas brilhantes aulas do Historiador Éder Silveira como um sistema de segurança que nada mais era que uma construção em forma circular ou “anelar”, existindo no centro um torreão em torno do qual havia um pátio estruturado de maneira que:

  “ O  anel dividia-se em pequenas celas que davam tanto para o interior quanto para o exterior. Em cada uma dessas pequenas celas, havia, segundo o objectivo da instituição, uma criança aprendendo a escrever, um operário a trabalhar, um prisioneiro a ser corrigido, um louco tentando corrigir a sua loucura, etc.”

  Metas, índices, percentuais, gráficos são apresentados em reuniões dignas dos padrões de qualidade de países considerados desenvolvidos, onde de maneira “inteligente” o vampiro Capitalista planeja “sugar” o que pode do pobre trabalhador agora sem a figura do “capataz” já substituída pelas câmeras em todos os ambientes para a novamente citada satisfação sem precedentes do moderno "sadismo burguês" comparado à um ambiente penitenciário, porém agora virtualmente sob  olhares atentos das câmeras representam a mesma ótica de dominação:

  “Cada cela dava ao mesmo tempo para o interior e para o exterior, o olhar do vigilante podia atravessar toda a cela; não havia nenhum ponto de sombra e, por conseguinte, tudo o que o indivíduo fazia estava exposto ao olhar de um vigilante que observava através de persianas, de postigos semi-cerrados de modo a poder ver tudo sem que ninguém ao contrário pudesse vê-lo”...

  Remunerai com justiça o funcionário e não vos preocupais, pois como diz o velho ditado “quem muito desconfia é porque também têm culpa no cartório”, assim ontem e hoje esse sistema de dominação,o Panóptico permite conforme (Focault:1997 pg.170):


   (...) aperfeiçoar o exercício do poder. E isto de várias, maneiras: porque pode reduzir o número dos que o exercem, ao mesmo tempo que multiplica o número daqueles sobre os quais é exercido (...) Sua força é nunca intervir, é se exercer espontaneamente e sem ruído (...) Vigiar todas as dependências onde se quer manter o domínio e o controle. Mesmo quando não há realmente quem, assista do outro lado, o controle é exercido. O importante é (...) que as pessoas se encontrem presas numa situação e poder de que elas mesmas são as portadoras (...) o essencial é que elas se saibam vigiadas.


  Atitude tomada, " adeus emprego, adeus panóptico, adeus cenas de sadismo, adeus exploração, adeus cartão ponto, adeus colegas, adeus Dorflex", agora que venham as consequencias boas ou ruins mas que venham!!!!

   A minha história que também  faz parte  de sua "caminhada", mesmo que indiretamente  poderia ser comparada a "formiguinha cega" indo na trilha de suas companheiras que, quando desgarrada pode ter a sorte de encontrar um enorme e suculento torrão de açucar ao azar de um  triste fim de emaranhar-se à teia da aranha, porém  tanto uma quanto à outra  ousaram  "enxegar" além de simplesmente obedecer o caminho deixado pela sua antecessora....


Fontes consultadas:
http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/sociedade%20disciplinar/Pan%C3%B3ptico.htm

terça-feira, 22 de março de 2011

CÃO "NAZI" LEVA DONO ÀS COMPRAS ...


Enquanto uns vagam sem "rumo e sem prumo" (plagiando o título do célebre "baião" do cantor pernambucano Dominguinhos) rastejando pelas calçadas e alimetando-se dos restos de comida nas lixeiras da mal-cheirosa e suja Porto Alegre (nada de muito novo até então, já que o sábio cientista e explorador Saint Hilaire ao pisar por essas  terras em suas aventuras há quase 200 anos descrevera em seu diário de viagem algo bem semelhante em relação às condições de higiene da Capital), outros habitantes desta "Província" tratam seus animais de estimação como membros ilustres da família, aliás bixinhos que possuem até mesmo "opinião" e "crítica", há alguns dias ouvi de certa cliente que, carregando confortavelmente no cólo seu animalzinho proferira certa "pérola" que até agora  ecoa em "sombrio tom" em minha membrana timpânica:

 A pérola impregnada do racismo e "pré-conceito" descarado, afirmando que seu cãozinho é muito "calmo" mas fica muito irritado, agitado e nervoso" quando enxerga um "negro ou um papeleiro", sim é isso mesmo, proferira ela em clara afirmação:

 -"QUANDO MEU CÃOZINHO ENXERGA UM NEGRO OU UM PAPELEIRO FICA MUITO IRRITADO, AGITADO E NERVOSO!!!

Parece-nos que ainda uma parcela da “pequena burguesia” Porto-Alegrense conserva de maneira às vezes inconsciente aquele cinismo "sui generis", fruto e resquício das antigas práticas oligárquicas da velha "positivist society",outrora revestida de "finesse" quando em seu "footing" matinal pela Rua da Praia na "Belle Époque" do ínicio do séc. XX como quem desfilara pela Avenue des Champs - Élysées...

Hoje submetida a convivência forçada nos espaços urbanos pela crescente massa ociosa, que "trocando em miúdos = mendicância, aos quais  chamam de "escória da civilização” nada mais são que o fruto e "prova viva" da luta histórica e  da dominação gananciosa dessa mesma classe prepotente e moralista ao qual "suga" as forças e toda a dignidade dos mais frágeis  até a última gota de esforço da mão-de-obra alheia gerando esses "bolsões de zumbis" em estado de absoluta miséria e privação, porém os "herdeiros" contemporâneos dessa "pequena burguesia" quando indagados  sobre as causas dos males do atual "estado das coisas", colocam sempre a "culpa" de todas as mazelas sociais no governo seja ele de"esquerda" ou de "direita", mas nunca se dá conta em olhar para seu umbigo já desaparecido entre sua flácida barriga cheia de "gases", provavelmente causados por brindes do último jantar regado à "Vinho do Porto"...

sábado, 12 de março de 2011


Passados alguns dias do evento, mas com tais fatos ainda bem nítidos em mente remeto-me aquele exato momento que, parecendo um tranquilo, rotineiro e até agradável final de tarde de sexta-feira do dia 25/02, estava ao terminal de vendas em um centenário sobrado da Cidade Baixa pensando no "nada", rodeado de medicamentos, shampoos e clientes, porém ouvi um "ronco" de motor e em instantes presenciei através da vidraça do meu trabalho cenas em primeira mão que, (graças aos avanços tecnológicos puderam ser capturadas e divulgadas a público, repercutindo assim nos "quatro cantos do planeta") o que um ser humano pode fazer com um instrumento em um momento de psiquê que ao mesmo tempo, mesclara "fúria" e "desequilíbrio": Um invento que revolucionou o mundo dos transportes, agora transformado em arma mortal: O AUTOMÓVEL...

Pessoas e bicicletas que até então circulavam tranquilamente pela Av. José do Patrocínio no bairro Cidade Baixa em Porto Alegre pedalavam em um manifesto pela "PAZ NO TRÂNSITO" e "PELA DIMINUIÇÃO DO VOLUME CAÓTICO DE CARROS NAS RUAS", protesto que, com toda a razão transformou nossas vias públicas abarrotadas de carros  na atualidade em uma verdadeira "MASSA CRÍTICA", nome atribuído ao grupo de ciclistas que periodicamente reúne-se em Porto Alegre, (assim como em outros em locais do mundo existem eventos semelhantes com a mesma proposta), esse mesmo grupo organiza passeios e "pedaladas" sempre preconizando à paz no trânsito e a utilização da bicicleta como meio eficiente, não poluente e saudável para o transporte e lazer), “indiferente e estático" o relógio da farmácia marcara pouco mais de 19:00, o pôr-do-sol nunca imaginara que o "destino" de forma paradoxal reservaria segundos mais tarde aos ciclistas e suas bicicletas:

Destroçadas ao vento, como em um ensaio (de bestialidade) digno de "Duro de Matar" ou semelhante às cenas dos "atentados a bomba" no Oriente ao qual diariamente estamos acostumados a acompanhar já sem muito espanto nos noticiários, naquele "flash" de momento vidas estavam em jogo através de uma atitude insana de um motorista que, por motivo banal atenta sobre a vida do grupo, avançando seu carro sem piedade e atropelando dezenas de pessoas que, graças a seus capacetes e pela "Divina Providência" não tornaram-se vítimas fatais e motivo para estatísticas no já, (“abarrotado” número de processos judiciais em trâmite ou arquivados relativos ao obituário por mortes no trânsito) portanto, abrindo "ferozmente" espaço com seu carro  entre vítimas sendo jogadas ao "alto" assim como suas bicicletas se desfazendo em ferragens  e destroços fugindo do flagrante, abandona seu veículo ou “arma mortal” em bairro próximo e desaparece...

Tal funcionário público do BC, ao qual pagamos o seu salário através da tributação de nossos extorsivos impostos, apresenta-se com seu advogado alegando legítima defesa causada na realidade por uma simples e eventual discussão no trânsito com um ciclista, mesmo que o passeio tenha ocorrido sem o conhecimento da EPTC, a esse indivíduo pode ser lhe dado o direito de sair tentando aniquilar pessoas simplesmente porque a referida avenida estava “congestionada” pelos manifestantes?

Seria esse indivíduo fruto psicótico da "perda de referenciais e da fragmentação social" no chamado "Mal-Estar da Sociedade Pós-Moderna" ao qual o sociólogo polonês Bauman defende???

Todos nós saímos à rua como que num rápido reflexo para ajudar os feridos com o que tínhamos ao nosso alcance, o "caos" ao redor: Desespero, gritos de dor, pessoas desorientadas, muitos chegaram impotentemente à correr atrás do agressor, mãos na cabeça, perplexidade, bicicletas retorcidas, ciclistas e desconhecidos socorrendo, “dando a mão” ao levantar o companheiro machucado no asfalto, em momento de tamanha abominação ao mesmo tempo via-se a prova da solidariedade e amor ao próximo lembrando até certo dualismo entre as forças do "bem e do mal" ...

Uma das poucas coisas que estavam ao meu alcance fora entrar no cenário e uma das primeiras visões e ações ao qual me defrontei fora "conter" entre os braços  fortemente e acalmar uma jovem mais uma vítima caída ao chão, sem muitas escoriações, mas em "choque" debatendo-se frente ao cenário de terror ao qual sua razão não aceitara, enquanto isso meus colegas de serviço tentavam levantar ou ajudar outros feridos assim como muitos voluntários, moradores e um enfermeiro entre outros ciclistas também o fariam até as ambulâncias da SAMU chegarem  e socorrerem as vítimas....

Fico honrado assim como meus colegas de trabalho pelas saudações e aplausos do movimento "MASSA CRíTICA", ao qual ficará sempre em minhas lembranças e à todos nós da farmácia no PROTESTO PELA PAZ da última terça 01/03, onde centenas manifestaram apoio com sentimentos de solidariedade e busca pela justiça nas principais vias de Porto Alegre, assim como o próprio evento tornou-se, apesar de trágico uma página da História da Cidade, portanto, que esse acontecimento "bizarro" sirva como instrumento de alerta às autoridades para o rigor na formação de condutores hábeis e equilibrados, aptos à possuírem carteiras de habilitação e mais ainda, que contribua para a difusão do movimento "MASSA CRÍTICA" avançando com sua "missão" social agregando cada vez mais adeptos a causa a que defende e PARA QUE A JUSTIÇA SE CUMPRA condenando esse indivíduo que à partir desse momento já não pode ser mais ser classificado como "homo sapiens sapiens" devendo trocar seu paletó de burocrata por uma “bela camisa de força" no manicômio judiciário...